CORDILHEIRA BRANCA - PERÚ

Andes Peruanos - 1982
9° 20’ 00” S 77° 24’ 00 O



Em junho-julho de 1982, com 22 anos de idade, Thomaz participou da sua primeira expedição à alta montanha. Junto com dois amigos - José Luis Pauletto e Sergio Krauzs - foi à Cordilheira Branca, nos Andes peruanos. Essa cadeia de montanhas nevadas, muitas com mais de 6.000 metros de altitude, é considerada uma das regiões mais bonitas do mundo e, exceto pelo alpinista ítalo-brasileiro Domingos Giobbi que ali fez várias conquistas, era praticamente desconhecida dos brasileiros.

O objetivo da expedição era ambicioso para a inexperiência deles: escalar três picos nevados, entre eles o Monte Huascarán – 6.768 metros de altitude - o mais alto do Peru.

O ciclo de aclimatação começou no trekking LLanganuco-Santa Cruz, um circuito em ferradura por entre as montanhas, na época muito mais inacessível que nos dias de hoje. Dali foram para o Monte Pisco (5.752 m). Apesar do tempo encoberto subiram a montanha em 2 dias, com direito a um acampamento no gelo. A escalada em si não foi difícil, mas emocionante para um iniciante. Thomaz desceu do cume com febre alta, provocada por uma infecção, o que o forçou a retornar à cidade de Huaraz. Enquanto isso seus amigos foram direto para o imponente Chopicalqui (6.354 m), onde também tiveram sucesso. Alguns dias depois, recuperado, Thomaz e Pauletto partiram rumo ao Huascarán.




Durante a árdua subida tiveram que superar uma série de perigos. O Campo 1, já na geleira, quase foi soterrado por uma série de avalanches. Na manhã seguinte, logo ao sair da barraca Thomaz enfiou a perna inteira numa fenda escondida na superfície do gelo e quase despencou. Horas depois, durante a escalada de um paredão bem inclinado, pendulou para dentro de outra fenda, e ficou pendurado pela corda. Mal saiu da greta e dali a pouco um bloco de gelo se desprendeu e só não o esmagou porque conseguiu pular para trás a tempo.

A dupla passou três dias e três noites no Campo 2, um amplo terraço de gelo a 6.000 metros de altitude, entre o cume norte (6.655m) e o pico sul, mais alto. Nesse tempo fizeram dois ataques ao cume. Devido a uma indisposição do Pauletto no primeiro e constante nevasca e forte neblina no segundo, só conseguiram chegar a 6.400 metros de altitude. Depois, cansados e sem mantimentos, foram obrigados a descer, dando a expedição por encerrada.

Foi depois dessa jornada que Thomaz decidiu transformar a sua paixão pelas montanhas, na profissão de guia, que exerceria durante 30 anos.

Laguna Llanganuco (3.850 m)

Campo 1 (5.100 m) no Cerro Pisco 

Eu (esq), Pauletto e um francês no topo do Pisco (5.752 m)


Pauletto observando o Huascarán (6.768 m)

Pauletto entre os paredões de gelo a caminho do Campo 2 do Huascarán

Rapel de volta ao Campo 2 (6.000 m) no Huascarán