ACONCÁGUA

Andes argentinos – 1984, 1991 e 1998
32º 39’ S 69º 59’ O




Em janeiro de 1984 Thomaz foi convidado por três amigos do Clube Alpino Paulista (CAP) - Yanez Hlebanja Jr., Alexandre Ventre e Fábio Cascino - para ir ao Aconcágua (6.959 m), na Argentina, a montanha mais alta das Américas. Patrocinados pela Alpargatas/Comander, foram uma das primeiras expedições brasileiras a obter apoio da iniciativa privada.

A viagem até Mendoza foi feita de ônibus, em pleno período de Natal. Chegaram no campo-base (4.300 m) no Reveillon, sob uma temperatura “polar”, depois de três dias de caminhada. Durante o trajeto o Fabio quebrou o pé na primeira travessia de rio (naquela época não havia as pontes que existem hoje) e teve que desistir da escalada.

Fizeram a subida pela via “normal”, pernoitando nos acampamentos Nido de Cóndores (5.550 m) e Berlim (5.930 m), e levaram 11 dias para alcançar o cume. As condições climáticas nesse período foram predominantemente boas e eles não enfrentaram grandes dificuldades, exceto no último dia, quando a caminho do topo enfrentaram uma forte ventania.

No último ciclo de aclimatação tiveram que ajudar dois argentinos que, despreparados e mal equipados, quase morreram na volta do cume. Um deles voltou para Mendoza com os pés congelados.




Dois dias depois fizeram o ataque ao cume. Saíram às 9h40 do minúsculo e já então semi-destruído refúgio Independência, a 6.400 metros, e pisaram no topo da montanha às 14h00. O interessante nessa escalada ficou por conta da indumentária usada pelo Thomaz: botas-duplas de couro emprestadas e muito usadas; meias, luvas e gorros de lã comprados na Praça da Sé, calça comum tipo “jogging” e blusa de lã tricotada pela própria mãe dele.... Isso sem falar no, na época famoso, “minhocão” de lã. A única peça mais adequada era um casaco forrado com penas de ganso comprado em Buenos Aires.

Goretex, capilene, polartec, botas de plástico e outras sofisticações eram coisas de outro planeta.


1991


Em fevereiro de 1991, como preparação para o Everest, para onde iria no segundo semestre, Thomaz retornou ao Aconcágua, com o objetivo deliberado de pernoitar no cume.

Estava acompanhado do amigo Ramis Tetu, e do médico Eduardo Vinhaes, que também integravam a equipe que iria para o Everest.

Dessa vez ficaram mais tempo no campo-base (4.300 m) escalando os picos ao redor. Durante uns 10 dias seguidos nos ciclos de aclimatação, os dias amanheceram ensolarados, o tempo fechava por volta das 14h, com muito vento, frio e neblina, e voltava a abrir por volta das 20h30, pouco antes do pôr-do-sol às 21h30.

Eduardo desistiu da escalada quando chegou no Refúgio Berlim (5.930 m). Desse ponto, 13 dias depois da chegada ao campo-base, Thomaz e Ramis, com pesadas mochilas às costas, chegaram no cume da montanha pouco antes do escurecer.

Montaram a barraca no final da geleira polacos e passaram a noite acampados sob 23 graus abaixo de zero e um céu estrelado. Na manhã seguinte, sob sol e calor, desceram de volta ao campo-base.

Bivacando em Confluência, a caminho do campo-base (1991)

Paisagem árida no caminho ao campo-base (ano 1991)

Ramis a caminho do campo-base (1991)


Chegando em Plaza de Mulas (4.300 m) (1991)

Concerto musical em pleno campo-base (1991)

Quando o tempo fecha (1991)


Vista do campo-base (1998)

Nído de Cóndores (1998)

Acampamento em Nido de Cóndores (Campo 1 – 5.550 m) (1991)


Parte alta da montanha vista desde Nido de Cóndores (1998)

Parte alta da montanha vista desde Nido de Cóndores (1998)

Campo Berlim (5.930 m) (1991)

No cume (6.962 m), às 21h30, minutos antes de montarem o acampamento para pernoitarem ali (1991)