BROOKS RANGE

DESCIDA SOLITÁRIA EM CANOA DO RIO NOATAK, BROOKS RANGE, NORTE DO ALASKA,2012



Considerada por muitos como a cordilheira “esquecida”, a Brooks, no norte do Alaska, está localizada 200 km acima do Círculo Polar Ártico, a 69 graus Norte. Tem aprox. 1.100 km de extensão, no sentido leste-oeste, desde a Província de Yukon, no Canadá, até a costa oeste do Alaska.

Uma das regiões mais selvagens e intocadas da América do Norte, é habitat natural de ursos, caribus (espécie de rena), lobos, musk ox (espécie de búfalo) e inúmeros pássaros.

Em milhares de km2, dividida em 3 parques nacionais, não existem trilhas, placas indicativas, guarda-parques, pontes para atravessar uma infinidade de rios, campings, cabanas, muito menos sinal de internet. Exceto por uma vila esquimó ou outra em sua vastidão, é totalmente desabitada. É mais fácil você encontrar um urso que um guarda-parque. Para ir de um vale a outro quase sempre é preciso transpor escarpados passos de montanha, cascalhentos e perigosos, às vezes cobertos de neve, mesmo no verão.

Outro desafio é fazer travessia de rios, vários rios, sem uma pinguela sequer. A vegetação da tundra é irregular, complexa e encharcada em vários pontos, dificultando o avanço. E o clima é instável e hostil. É por isso que a região recebe raríssimos visitantes a cada ano — que encontram apenas uma abundância infinita de espaço, luz e silêncio.


Depois de quase 20 anos pesquisando, planejando rotas, comprando mapas, contatando pessoas, em 2012 finalmente Thomaz partiu para região. Dessa vez seria uma expedição “de férias”. Escolheu descer o lendário Rio Noatak, que nasce no coração da Brooks e é o mais importante da cordilheira. Decidiu pelo mês de agosto, verão local.

Durante 21 dias Thomaz navegou o rio sozinho em uma canoa inflável, em silêncio e em paz, explorando a pé os arredores, e pintando suas aquarelas, sem avistar um ser humano sequer. Nesse período se maravilhou com a rica flora e fauna local — viu inúmeras flores que só aparecem no curto verão, deu de cara com um urso marrom, que fugiu dele; viu dezenas de caribus, foi “escoltado” por pássaros, viu uma “escolinha” de patos, e presenciou a luta pela sobrevivência entre uma rena e um lobo, que vieram visitar seu acampamento.

Como tinha como objetivos remar, caminhar, pintar aquarelas, se reconectar consigo mesmo para resgatar sua essência, e admirar as belezas inigualáveis da região, Thomaz considera essa jornada como uma experiência não só esportiva e artística, mas também espiritual e contemplativa. Detalhes dessa extraordinária experiência estão no livro UM OUTRO MUNDO LÁ FORA – Expedições ao Ártico, Antártica, Alasca e Himalaia, lançado em fevereiro de 2021.

Carrinho de flores, símbolo da Vila Talkeetna. Esse mesmo carrinho já estava lá quando visitei a vila, a caminho do Denali, em 1986

Hidroavião que me levou da Vila Bettles ao Lago Twelve Miles, próximo à nascente do Rio Noatak.

Hidroavião se afastando, depois de me deixar nas margem dos lago.


Minha primeira visão do Noatak, pouco depois dele se bifurcar e contornar o banco de areia

Flores próximas à nascente do rio.

Trecho superior do rio, próximo à nascente, que fica atrás do Monte Igikpak (2.593 m), que aparece parcialmente à direita da foto.


1º. Acampamento no rio, no banco de areia. Ao fundo, iluminado pelo sol, o Monte Igikpak. Para proteção contra os ursos, toda a comida estava acondicionada nos barris de ferro.

Musk ox (boi almiscarado)

Acampando na beira do rio.


Caribou

Minha canoa inflável Soar Pro de 14 pés. Ao fundo, as montanhas da cordilheira Brooks.

Ao centro, a montanha que subi. A rota foi pela encosta da montanha da direita, até a longa aresta que une essa montanha com a principal. Ao final desta, subi reto até a aresta principal que leva ao cume.

Pegada de urso, e o pequeno spray com gás pimenta

Luz da meia noite – início de agosto

Vista do vale esverdeado do rio Nushralutak, à direita do cume que escalei.

O “S” do Noatak, que desce para oeste (esquerda). Ao fundo, o imenso Lago Matcharak. Meu acampamento está na extrema esquerda da “ilha” de mata escura (centro da foto), na margem inferior do rio.

Vista do vale esverdeado do rio Nushralutak, à direita do cume que escalei.

Manto de nuvens empurrado pelos fortes ventos, deixa o céu azul.

Flores na beira do rio.

Jovem rena aflita

Lobo que tentou atacar a rena, mas foi pego pela correnteza e teve que nadar até a margem oposta, onde estava meu acampamento.