CORDILHEIRA WIND RIVER

WYOMING (EUA) – 1985
43° 10' 42'' N 109° 39' 19'' W




Em 1985, Thomaz e seu parceiro de escalada Pauletto, companheiro na expedição na Cordilheira Branca três anos antes, moravam em São Francisco, na Califórnia. Naquele verão foram de carro até o Wyoming, centro-oeste americano, para escalar na desconhecida Wind River Range. A Wind é um lugar pouquíssimo visitado e considerado o lugar mais selvagem dos EUA, fora do Alaska. Só para se ter uma ideia, durante as duas semanas que ficaram enfiados nas montanhas não encontraram uma só pessoa. Isso em plenas férias nos EUA.

Visitaram os dois lugares mais famosos daquela cadeia de montanhas. Começaram pelo Circle of Tower, um círculo espetacular de penhascos e torres de rocha, com o belíssimo lago no meio. Ali escalaram o Pingora e o Wolf’s Head, escaladas em rocha com proteção móvel. Nessa última escalada o calor estava escaldante, não acharam a via, se atrasaram e a água acabou. Tiveram que enganar a sede mastigando alguns punhados de neve remanescentes do inverno. A descida do cume foi feita às pressas, mas a noite os alcançou no início da descida do colo nevado. Impossibilitados de continuar descendo aquela imensa encosta gelada durante a noite, tiveram que improvisar um bivaque. Estavam somente com a roupa do corpo e uma folha de alumínio, que não serviu para nada quando a temperatura desceu abaixo de zero. Para que não despencassem lá para baixo, passaram a noite com as costas apoiadas em algumas rochas. Só retornaram para o acampamento na manhã seguinte.




Dali foram de carro para a região do pico Fremont, uma das montanhas mais bonitas daquela cordilheira. Foram dois dias de caminhada até sua a base. Às costas levaram pesadíssimas mochilas contendo equipamentos para escalar rocha (cordas, mosquetões, nuts, friends) e gelo (botas-duplas, crampons, grampos de gelo). Mas o objetivo ali não era o Fremont: queriam escalar o Pico Gannett, com 4.207 metros, o mais alto daquela cordilheira.

No dia da escalada saíram das barraca às 7h00. Escalaram o primeiro paredão até o colo e desceram do outro lado até a geleira do Gannett. Já no gelo fizeram uma árdua travessia e entraram numa via mista - rocha e gelo - que os levou à rampa nevada do cume. Chegaram no topo às 15h00, depois de 8 horas ininterruptas de esforço, sem paradas para descansar, comer ou beber. Depois de meia hora no topo, aproveitando o visual das montanhas e lagos que os rodeavam, refizeram todo o trajeto de volta e, novamente sem direito a parar para descansar, chegaram no acampamento às 22h00.

Na trilha para o Circle of Tower

Circle of Tower – vista parcial


Pico Wolf’s Head

Próximo ao cume do Wolf’s Head. Atrás, o Pingora, que seria escalado dias depois.


Pauletto, liderando a cordada, próximo ao cume.

Lago Big Sandy

Lago Island – com Monte Fremont à direita


Campo-base para o Pico Gannett – o mais alto da cordilheira

No tôpo do colo, com o Gannett à sua frente.

Topo do Gannett (4.207 m)